Assim como outros atores, Margot Kidder, que interpretou Lois Lane em quatro filmes com o super-herói, também enfrentou tragédias pessoais
Leio na SET que um novo Superman está surgindo. Ótimo. Mas estremeço ao lembrar os dramas que envolveram não só dois atores relacionados ao herói, como também uma de suas atrizes. A imprensa sempre deu mais realce ao suicídio de George Reeves (o Superman da década de 1950 no cinema e na TV) em setembro de 1959, aos 45 anos, e à tragédia de Christopher Reeve, o herói dos quatro filmes realizados entre 1978 e 1987. Este último viu a sua vida mudar radicalmente após cair do cavalo. Por cerca de dez anos até a sua morte em outubro de 2004, ele ficou paralisado, preso a uma cadeira de rodas. Mas o belo e vigoroso ator enfrentou o sofrimento com estoicismo, como um verdadeiro super-homem.
Talvez por causa da dimensão desse triste episódio, os problemas enfrentados por Margot Kidder não ganharam realce. Ela ficou mais conhecida depois que interpretou Lois Lane, a namorada de Clark Kent (Christopher Reeve) nos quatro longas. A primeira tragédia aconteceu em 1990, quando sofreu um desastre de casso que afetou seriamente sua região pélvica. Por dois anos, lutou contra as sequelas e ficou sem trabalhar. Nesse período de imobilização, recebeu o conforto de Christopher, que ainda podia se locomover.
Em 1996, Margot foi encontrada pela polícia vagando por uma estrada e falando frases desconexas. Estava totalmente sem controle. Encaminhada para tratamento, em pouco tempo ficou claro que ela havia sofrido uma grave crise de depressão. Dois acidentes, um físico e outro mental, quase simultaneamente. Coincidência ou azar decorrente de Superman?
É verdade que a atriz canadense já tinha um histórico pesado. Nascida em 17 de outubro de 1948, aos 14 anos esboçou uma tentativa de suicídio. A sua vida amorosa também foi tumultuada. Casou-se por três vezes, uma delas com o cineasta francês Philipe de Broca. Cada matrimônio durou, em média, um ano. Teve ainda relações complicadas com Brian de Palma e Pierre Trudeau, o polêmico primeiro-ministro do Canadá. Isso sem falar nos incidentes provocados por seu ativismo político.
Embora tenha perdido o prestígio, a carreira de Margot não parou. Nos últimos anos atuou em filmes para a TV. Inclusive em dois episódios de Smalville, como a dra. Brigitte, enviada de Kripton. A atriz se diz salva graças à medicina ortomolecular. Pode ser. Mas, assim como se diz que: “Não creio em bruxas, mas que elas existem, existem”, penso dessa maneira na maldição do Superman.
Texto originalmente publicado na Revista Set, na coluna Hollywood Boulevard. Junho, 2005 – Ed. 216 – Ano 18 – N.º 6. Editora Peixes.