Ídolos que tiveram mortes precoces em razão de suas condutas
Alguns artistas nem sequer viveram com equilíbrio em meio à fama. E não estou falando da recente moda de se internar em casas de reabilitação de luxo. Na história de Hollywood existem vários exemplos de ídolos que, por razões típicas de comportamento, tiveram mortes precoces antes dos 50 anos. Lembrei-me dessas condutas autodestrutivas por causa da menção que se faz em torno dos 30 anos da morte de Elvis Presley. Foi em 16 de agosto de 1977 que o rei do rock morreu aos 42 anos de idade, vítima de colapso cardíaco. Logo ficou constatado que ele havia se tornado dependente de remédios e anfetaminas. O curioso é que me pareceu extremamente saudável quando o entrevistei em 1956, durante as filmagens de seu primeiro longa, Ama-me com Ternura. Já era um ídolo com os seus sensuais requebros, mas nunca me esqueci de seu ar melancólico quando manifestou pouco crédito sobre a duração de seu sucesso e disse: “Tudo o que é repentino morre depressa”.
Marilyn Monroe foi outro mito que partiu cedo. Foi também em um dia de agosto, em 1962. Oficialmente, um suicídio por ingestão de remédios e barbitúricos, embora tenha circulado rumores de uma morte encomendada, por causa de seu envolvimento amoroso com o presidente John Kennedy e o irmão dele, o também político Robert. O desequilíbrio da brejeira atriz já era conhecido de todos. Poucos dias antes de seu falecimento, ela havia sido despedida pela Fox, por causa de seus constantes atrasos e ausências no filme que fazia.
Judy Garland também morreu de overdose de remédios e drogas, alguns dias depois de completar 47 anos. Estava ao lado de seu quinto e jovem marido. Seu histórico era bem complicado desde o início da carreira na infância. Mãe de Liza Minnelli, sua vida foi coerente ao título brasileiro de seu derradeiro filme: Na Glória, a Amargura. Ela não teve habilidade existencial para conviver com as exigências do sucesso.
Mas um dos processos de autodestruição que mais me impressionaram foi o de Pier Angeli. A hoje esquecida atriz italiana importada por Hollywood, e de quem fui cicerone em sua viagem ao Brasil com Debbie Reynolds, foi impedida por sua mãe dominadora de casar-se com James Dean, que também a amava. Em 1954, casou-se com o cantor e ator Vic Damone. Mas a tristeza já era patente e acentuou-se a partir da morte de Dean em 1955. O divórcio veio em dezembro de 1958. Em 1962, uniu-se ao compositor italiano Armando Trovajoli. Durou até 1969, ele não suportou suas frequentes crises de depressão que culminaram com o suicídio em 1971, aos 39 anos de idade. Triste fim para uma garota talentosa e amável.
Texto originalmente publicado na Revista Set, na coluna Hollywood Boulevard. Agosto, 2007 – Ed. 242 – Ano 20 – N.º 8. Editora Peixes.